Paragominas: do passado extrativista à cidade sustentável

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Com o passado explorador pra trás, Paragominas chega aos 52 anos respirando ares de modernidade e dá novos exemplos. A cidade tem se tornado mais eficiente e conectada com as transformações que vem ocorrendo de forma silenciosa e irreversível no mundo que conhecemos, prova disto é ser sede da primeira e maior usina solar fotovoltaica da Amazônia. E este é só início.

Para Raphael Vale, Presidente da Cooperativa Brasileira de Energia Renovável e Sustentável (Coober), Paragominas inaugura um novo tempo, com uma nova “pegada” na sustentabilidade. “Em 2008, quando o Projeto Paragominas Município Verde foi lançado, precisávamos daquele modelo de fiscalização e combate ao desmatamento. Com esse problema superado, a cidade sentiu necessidade de dar mais um passo à frente, sendo pioneira em mais uma iniciativa: a energia limpa e renovável. Ano passado, foi inaugurada a primeira usina de energia solar fotovoltaica da região e a primeira do Brasil pertencente a uma Cooperativa”, conta Vale. Em breve, a energia do sol vai suprir o consumo de eletricidade das Escolas Públicas Municipais da zona urbana.

A Prefeitura de Paragominas, em parceria com o Ministério Público do Pará vai construir uma moderna usina solar fotovoltaica conectada à rede pública de energia (concessionária) e o principal objetivo é estimular a formação de uma geração sustentável, tanto de energia elétrica – respeitando o meio ambiente, quanto de cidadãos conscientes ambientalmente.

“O Ministério Público, ao firmar dois TACs (Termo de Ajustamento de Conduta) em matéria ambiental, percebeu a necessidade de reverter em prol da população de Paragominas um benefício social real, com redução de custos com gastos de energia elétrica e fomentando a geração distribuída de energia renovável. Com uma iniciativa pioneira já existente no município, MP firma parceria inédita entre Prefeitura e Cooperativa [Coober] para a criação de uma usina solar fotovoltaica”, é o que explica o promotor Reginaldo César Lima Álvares, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Paragominas.

Segundo o Prefeito Paulo Tocantins, além do meio ambiente e das gerações futuras, professores e alunos vão usufruir de benefícios desta nova usina. “A economia gerada pela energia solar fotovoltaica nos permitirá executarmos um plano de eficiência energética nas escolas municipais, o que vai resultar em salas de aulas climatizadas, melhorando o processo ensino-aprendizagem”, explica. A Prefeitura gasta anualmente, em média, cerca de R$ 1,2 milhões nas contas de energia de todas as escolas da Rede. Com a usina em operação, a economia nessas contas pode chegar a 85%. “Ou seja, um projeto que vai valer muito a pena e vai me dar mais liberdade de investimento na melhoria da educação”, completa Tocantins.

Cidade extrativista

O apogeu econômico de Paragominas se deu nas décadas de 80 e 90. Em 1980, a economia era baseada na pecuária extensiva, que precisava de grandes aberturas de área. Naquela época, a cidade começou a ser conhecida como a “Capital do Boi Gordo”. Já nos anos 90, a indústria madeireira ganhou corpo e foi quando a cidade chegou a ser o principal polo madeireiro do mundo tropical, concentrando o maior número de serrarias. Segundo estudo realizado pelo Imazon, em 1998, o Pará era o maior produtor de madeira tropical da Amazônia. Naquele ano, as 1210 empresas de madeira processaram 11,3 milhões de metros cúbicos, gerando uma renda bruta de U$ 1 bilhão e 55 mil empregos diretos, com uma contribuição de 40% para a produção de madeira tropical nacional.

Anos de exploração natural, sem planejamento e nem estudo, ocasionaram no declínio da indústria madeireira e Paragominas passou a ser conhecida por seu “descaso” com o meio ambiente. Em 2008, figurou na lista dos municípios que mais desmataram a Amazônia e começou a partir daí, a grande virada. Lançado naquele ano, o Projeto Paragominas Município Verde deu nova oportunidade para a cidade, construindo uma identidade sustentável. Em menos de um ano de ações, o desmatamento caiu em 90%, graças aos trabalhos de fiscalização e monitoramento via satélite que, juntos, coibiram novas aberturas e deram um gás para que políticas públicas de sustentabilidade pudessem ser postas em prática.

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