Paragominas aposta na arte como instrumento de transformação social

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Quem passa pelo Residencial Morada dos Ventos, em Paragominas, mais precisamente nas quadras 10 e 15, se admira com os “quadros” pintados na fachada de alguns apartamentos. Verdadeiras obras de arte em plena paisagem urbana, que despertam a atenção de quem passa. Em uma parede, o branco deu lugar a uma grande floresta, com arvores e bichos; em outra, um grande rio “singra” da fachada. Esse é o resultado da Oficina de Grafite – Arte em Spray, ofertado pela Prefeitura de Paragominas, por meio do Projeto de Trabalho Técnico Social, da Secretaria de Assistência Social do município.

A oficina teve a duração de três semanas (4 a 22 de janeiro), numa carga horária de 60h e atendeu 25 pessoas de todas as idades, desde adolescentes de 12 anos a adultos de 40. O Secretário de Assistência Social de Paragominas, Raphael Vale, conta que foi uma iniciativa ousada para uma cidade do interior, que não está acostumada com esse tipo de expressão artística e por isso, a procura surpreendeu. “A comunidade toda do Residencial abraçou o projeto, tanto que a procura foi além das expectativas e já estamos planejando realizar uma segunda edição dela, para contemplar mais pessoas”, conta Raphael. “Paragominas sai na frente mais uma vez, por poder oportunizar seus jovens na expressão da arte urbana, germinando uma coisa muito boa para a cidade”, completa o secretário.

Anderson Souza, mais conhecido como “Gaspar”, é grafiteiro e tatuador, e trabalha na área há mais de 10 anos. Foi ele quem ministrou a oficina de grafite em Paragominas e afirma que “a galera daqui tem futuro”. Gaspar, que participa de um projeto de grafitismo na ilha do Combú, em Belém, diz que a arte tem o poder de transforma a vida das pessoas. “A arte fez isso comigo: me deu uma vida nova. É esse sentimento que tento passar para as pessoas que participam da formação que ministro, do poder de transformação social que as expressões artísticas tem”, fala Gaspar.

E não é que ele tem razão? Pelo menos é o que afirma Ivanilson Nunes Pantoja, de 32 anos, um dos alunos de Gaspar. Para Ivanilson, o grafite deu uma nova oportunidade de ele encontrar a mãe, mesmo que por lembranças. “Minha mãe ficou internada um tempo, para tratar um câncer e, como terapia, ela pintava. Eu ficava ali, vendo ela pintar. Infelizmente mamãe faleceu tempos depois. Quando comecei a oficina, foi como se tivesse me conectado novamente com ela, rememorando aqueles dias que a via pintar”, relembra. Ivanilson diz que vai investir no grafitismo como profissão.

Clisnan Braga Brito tem 17 anos e um monte de ideias na cabeça. Ele, que já trabalha como pintor de casas, conta que a oficina de grafite abriu novas ideias a serem desenvolvidas na profissão. “O grafite veio agregar valor ao meu serviço. Já estou pensando em oferecer para o meu cliente a opção de paisagismo por meio da arte em spray”, afirma. Além disso, Clisnan já disse que vai fazer uma parede bem bonita dentro de casa, com um personagem que ele mesmo criou.

É a tal transformação social que o secretário falou acima. Os jovens só precisam de novas oportunidades e se depender da Prefeitura de Paragominas, as opções não vão parar por aí.

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