Quase duas toneladas de pescado foram servidos gratuitamente à população de Paragominas

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Com o objetivo de mostrar para população da cidade que o consumo de peixes criados em cativeiro é saudável, a Associação dos Piscicultores e Peixeiros da cidade, em parceria com a Prefeitura de Paragominas, serviu neste domingo, 19, 1500 quilos de peixe assado na brasa à população – com direito a farofa da melhor qualidade -, no estacionamento do principal cartão postal paragominense: o Lago Verde.

Desde que surgiu no Estado do Amazonas a confirmação de um caso da síndrome de Haff, a chamada “doença da urina preta”, há 9 dias, o comércio do peixe começou a viver uma crise sem precedentes, muito mais pela desinformação e pelas chamadas ‘fake news’ que abastecem atualmente as redes sociais.

Para o presidente da Associação dos Piscicultores de Paragominas, Maurício Brandão, o evento teve total êxito, porque além de unir os grandes piscicultores – com cada um doando aproximadamente de 100 quilos – e os peixeiros do município, foi possível se fazer entender que o peixe de cativeiro é saudável e pode ser consumido à vontade, sem medo.

O secretário de saúde de Paragominas, Marinaldo Ferreira, ratificou que “todo o peixe consumido por meio da piscicultura é livre dessa contaminação e que a vigilância sanitária do município está atenta à maneira que o peixe é oferecido em mercados e feiras da cidade”. A Prefeitura apoia essa ação e incentiva o consumo saudável de pescado”, completou o secretário

Seu João Rodrigues foi um dos moradores de Paragominas que passaram no Lago Verde para comer o peixe assado. Ele declarou que o peixe, além de gostoso, é saudável, e que “não existe coisa melhor do que peixe para se alimentar”. Já o piscicultor Diego Silva, da fazenda Juparanã Fish, declarou que o evento é de suma importância para chamar a atenção da população quanto à qualidade do pescado da piscicultura de Paragominas.

Vale lembrar que todos os critérios de segurança alimentar são monitorados na criação desse pescado e nunca foi encontrado esse tipo de contaminação em cativeiro. Lider em produção,
Paragominas detém cerca de 40% da produção de piscicultura do Estado do Pará, assumindo hoje a liderança entre os municípios paraenses produtores e vendedores de peixe de cativeiro. São cerca de mil hectares de lamina d’água de produção e o município ainda conta com uma fábrica de ração. Além disso, por meio de um programa arrojado de incentivo, está desenvolvendo em parceria com a pmPrefeitura, Governo do Estado e Associação de Piscicultores um programa para dobrar esses números tornando o município a maior referência em psicultura da Amazônia, segundo o prefeito de Paragominas, Lucídio Paes.

Pesquisador esclarece sobre doença de Haff

Marcos Braso é engenheiro de Pesca, doutor em Ciência Animal, professor da Universidade Federal do Pará e presidente da Associação dos Engenheiros de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (AEP-PA/AP). Ele esclareceu algumas dúvidas referentes a doença de Haff.

É verdade de que o peixe de cativeiro ou da piscicultura, seria naturalmente um peixe com controle melhor de qualidade e por isso estaria isento dessa doença?

Marcos Braso: O tambaqui e a pirapitinga que consumimos no Brasil e na Amazônia são principalmente provenientes de piscicultura, em especial de viveiros escavados. Neste ambiente, há controle da entrada e da saída de água, da qualidade da água de uso e da alimentação, fatores que nos permitem afirmar que este pescado é seguro para consumo. Não há registro de casos de doença da urina preta no Brasil ligados a peixes advindos de cativeiro.

A procedência do pescado, higiene e condicionamento também seriam fatores decisivos na hora de adquirir o peixe pra se evitar comprar um produto que possa vir a estar contaminado?

Marcos Braso: A melhor forma de diminuir os riscos de ser acometido pela doença é conhecendo a procedência do pescado que está sendo consumido. Neste momento, é importante evitar o consumo de peixes dos locais onde houveram os surtos, visto que o ambiente pode ser decisivo para a formação da toxina no pescado. Quando a conservação e aspectos higiênico-sanitarios, independente da doença da urina preta, é importante que as condições estabelecidas pelos órgãos competentes sejam levadas em consideração pelos intermediários e comerciantes, além de ser um fator limitante na tomada de decisão dos consumidores na hora de adquirir o produto.

Existe algum projeto ou programa de rastreabilidade do pescado?

Marcos Braso: No pescado que é direcionado à indústria, sim! Existe rastreabilidade. Porém, o produto que é comercializado em espaços públicos, como mercados e feiras livres, não conta com este cuidado. No caso de supermercados e peixarias, depende muito do proprietário e da sua preocupação com a qualidade do pescado comercializado. Uma informação importante é que em se tratando de tambaqui, mais de 100.000 toneladas são provenientes de piscicultura e apenas cerca de 4.000 toneladas são oriundas da pesca. No caso da pirapitinga, são quase 2.000 toneladas da pesca e cerca de 2.000 toneladas da piscicultura.

Diante desse episódio qual sua reflexão?

Marcos Braso: Que o pescado é um alimento tradicional na mesa do amazônida e temos o maior consumo de pescado do Brasil, um alimento saudável, nutritivo e saboroso, que provém de nossas águas, seja pela pesca ou pela aquicultura, digno de ser aparecido nós melhores restaurantes do mundo. Não deixe que a falta de informação lhe impeça de continuar a consumir o que temos de melhor em termos de proteína animal. Consuma mais pescado! Pescado é saúde! Seja seletivo quanto a fonte de informações que forma a sua opinião.

TEXTO: ASCOM PMP

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